O governo federal publicou recentemente uma Medida Provisória (MP) que altera significativamente a tributação de LCI, LCA e JCP, impactando diretamente o planejamento financeiro de investidores e empresas.
Essa mudança tem como objetivo compensar a futura eliminação do IOF nas operações de câmbio — um compromisso assumido pelo Brasil no âmbito da OCDE. Por esse motivo, a MP propõe medidas estruturantes que alteram o cenário tributário vigente.
Assim, compreender as novas regras torna-se fundamental para adaptar estratégias com segurança e previsibilidade.
Nova MP e o fim do IOF sobre câmbio
Nesse contexto, o Brasil se comprometeu a zerar gradualmente o IOF sobre operações cambiais até 2029, como parte de sua adesão às diretrizes da OCDE.
No entanto, a eliminação do imposto representa uma perda expressiva de receita. Consequentemente, o governo busca compensações por meio da ampliação da base tributável.
Dessa forma, a tributação de LCI, LCA e JCP surge como alternativa para manter o equilíbrio fiscal e atender às metas orçamentárias.
LCI e LCA: tributação passa a vigorar em 2026
Atualmente, esses instrumentos de crédito são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que os torna altamente atrativos.
Contudo, a nova MP propõe que, a partir de 2026, as emissões passem a ser tributadas à alíquota fixa de 5%.
Como resultado, a atratividade de LCI e LCA será reduzida, principalmente frente a outros produtos financeiros de renda fixa.
O que muda para os investidores?
- Em primeiro lugar, os títulos emitidos até 2025 seguem isentos, o que garante segurança jurídica aos investimentos atuais.
- Além disso, será necessário reavaliar as carteiras, comparando o novo cenário com alternativas como CDBs e Tesouro Direto.
- Portanto, o investidor deverá buscar soluções mais vantajosas do ponto de vista da rentabilidade líquida.
Juros sobre Capital Próprio (JCP): impactos reais para empresas
O JCP é um instrumento tradicional de distribuição de lucros com eficiência fiscal. Por meio dele, empresas remuneram acionistas com a vantagem de dedução do valor no IRPJ e CSLL.
Contudo, a MP eleva a alíquota de IRRF de 15% para 20%, a partir de 2026.
Em outras palavras, essa alteração reduz o benefício econômico que justificava o uso recorrente do JCP como mecanismo de planejamento tributário.
Além disso, empresas deverão comparar o JCP com outros meios de distribuição, como dividendos ou reinvestimentos.
Aspectos Jurídicos da MP: segurança jurídica em jogo
Sob a perspectiva jurídica, a MP levanta dúvidas importantes:
- Por exemplo, a tributação de instrumentos anteriormente isentos pode ser vista como quebra de expectativa legítima.
- Ademais, o princípio da anterioridade precisa ser observado, evitando efeitos retroativos indevidos.
- No caso do JCP, a nova carga tributária deve respeitar limites constitucionais como o da não-confiscatoriedade.
Portanto, é razoável prever contestação judicial e ajustes durante a tramitação legislativa.
Repercussão no mercado e setores afetados
Naturalmente, o mercado reagiu à proposta com cautela.
- A tributação futura de LCIs e LCAs pode aumentar o custo de captação no setor imobiliário e agrícola.
- Além disso, empresas podem sofrer maior pressão fiscal com a redução do benefício no uso do JCP.
Por isso, associações de classe e representantes do setor financeiro já iniciaram articulações para discutir ajustes ao texto.
Tramitação no Congresso: participação será decisiva
Como toda Medida Provisória, essa também precisa passar pelo crivo do Congresso Nacional.
- Durante esse processo, parlamentares poderão propor emendas e revisar os dispositivos centrais.
- Ainda mais relevante, a mobilização institucional de entidades será crucial para eventuais mudanças de redação.
Sendo assim, o acompanhamento político da tramitação será determinante para mapear cenários e riscos.
O que fazer agora: Planejamento Tributário e Financeiro
Diante da tributação de LCI, LCA e JCP, investidores e empresas devem agir com agilidade e estratégia.
- No caso dos investidores, a análise de alternativas com foco em rentabilidade líquida torna-se urgente.
- Para as empresas, o uso do JCP deverá ser revisado à luz da nova carga tributária.
- Além disso, simulações e modelagens tributárias poderão ajudar a antecipar impactos e ajustar decisões.
Por fim, a atuação de assessores jurídicos e contábeis será essencial para garantir conformidade e eficiência.
Conclusão
A nova MP sinaliza uma mudança importante na lógica de arrecadação fiscal. Com a tributação de LCI, LCA e JCP, o governo amplia sua base de receita, mas impõe desafios concretos à previsibilidade jurídica e financeira.
Por esse motivo, tanto investidores quanto empresas devem se adaptar com inteligência, planejamento e amparo técnico.
A Melo Advogados Associados permanece à disposição para auxiliar nesse processo, oferecendo orientação especializada e soluções seguras diante das novas exigências normativas.