STF e o aumento do IOF sobre operações financeiras
Em decisão liminar proferida em 16 de julho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, restabeleceu o aumento do IOF sobre operações financeiras, por meio do Decreto nº 12.499/2025.
A norma havia sido derrubada pelo Congresso Nacional, mas foi judicializada pela Advocacia-Geral da União (AGU), a pedido do governo federal.
Com a decisão, voltam a valer as novas alíquotas do IOF sobre operações de crédito, câmbio, seguros e derivativos, com exceção do chamado risco sacado.
Assim, embora a liminar represente uma vitória para o Executivo, também sinaliza um limite: nem toda operação financeira pode ser equiparada a crédito.
O STF analisará o tema de forma definitiva nos próximos dias, em julgamento virtual. Enquanto isso, os efeitos do decreto estão restabelecidos.
Risco sacado: exclusão tributária com impacto no varejo
A operação conhecida como risco sacado é muito usada por empresas do setor varejista para antecipar recebíveis e garantir capital de giro.
Por meio dessa estrutura, o fornecedor antecipa recursos com base em duplicatas ou títulos a receber, sem que haja um contrato de crédito tradicional.
Portanto, o ministro entendeu que essa operação não se encaixa no conceito jurídico-tributário exigido para incidência do IOF.
Segundo Moraes, aplicar o aumento do IOF sobre operações financeiras a essa modalidade violaria os limites legais da tributação extrafiscal.
Dessa forma, a exclusão do risco sacado preserva a competitividade das empresas e reduz os efeitos colaterais da política fiscal em setores sensíveis.
Instrumentalização do aumento do IOF nas políticas econômicas
O IOF é, por natureza, um tributo extrafiscal. Sua função primária é regular fluxos econômicos, especialmente crédito e câmbio, conforme diretrizes do governo.
A Lei nº 8.894/1994, em seu artigo 5º, confere ao Presidente da República a prerrogativa de alterar as alíquotas, desde que observe finalidades macroeconômicas.
Logo, o STF considerou legítimo o uso do IOF como instrumento de política pública, desde que respeitado o devido processo legal e a finalidade expressa.
Ainda que a elevação de alíquotas cause impacto direto nas empresas, esse efeito é tolerado quando decorre de decisão técnica e legalmente fundamentada.
O aumento do IOF sobre operações financeiras, portanto, foi validado por estar dentro dos limites constitucionais e legais da atuação do Poder Executivo.
Reflexos do aumento do IOF sobre operações financeiras no planejamento tributário
A decisão do STF, ainda que liminar, gera efeitos imediatos no custo operacional de empresas que atuam com crédito, derivativos e câmbio.
Além disso, exige reavaliação de contratos e fluxos financeiros, especialmente em setores com grande volume de operações interfinanceiras.
Empresas que operam com fomento mercantil, hedge cambial ou emissão de seguros devem revisar cláusulas, prazos e estruturas tributárias.
Consequentemente, o aumento do IOF sobre operações financeiras deixa de ser um dado técnico isolado e passa a integrar o centro das decisões corporativas.
Mesmo com a exclusão do risco sacado, as demais incidências permanecem válidas e exigem atenção dos departamentos jurídico, financeiro e tributário.
Acompanhamento jurídico e gestão estratégica de riscos
O cenário atual mostra como alterações tributárias podem ocorrer por decreto, ser suspensas politicamente e depois restabelecidas judicialmente.
Por isso, o acompanhamento técnico-jurídico contínuo se torna imprescindível para empresas que desejam atuar com segurança e planejamento.
A Melo Advogados está à disposição para orientar sua empresa quanto aos efeitos do aumento do IOF sobre operações financeiras, auxiliando na análise contratual e estratégica diante das incertezas do ambiente normativo.