Locação de Imóveis Após a Reforma Tributária: Impactos e Perspectivas

24 de janeiro de 2025

A reforma tributária é um dos temas mais relevantes no cenário econômico brasileiro. Com implicações profundas em diversos setores, o mercado imobiliário, especialmente o segmento de locação de imóveis, está entre os mais impactados.

Neste artigo, exploramos as mudanças tributárias, os desafios e as oportunidades para proprietários, inquilinos e investidores.

Principais Mudanças Tributárias no Setor de Locação de Imóveis

Unificação de Tributos

A Reforma Tributária, com a substituição de tributos como PIS, Cofins, IPI e ICMS pelo Imposto sobre Valor Agregado (IVA-Dual), traz mudanças significativas para a locação de imóveis no Brasil. Essas alterações afetam diretamente a tributação das receitas de locação, com impactos tanto para proprietários quanto para inquilinos. Por exemplo, se a alíquota final do IVA-Dual for elevada, isso pode resultar em um aumento significativo nos custos de administração de contratos. Em um cenário onde a alíquota seja de 12%, um aluguel mensal de R$2.000 pode passar a ter uma carga tributária adicional de R$240, afetando diretamente a rentabilidade para os proprietários.

Em regiões de alta concorrência, como grandes centros urbanos, a absorção desses custos pelos proprietários pode não ser viável, pressionando o aumento dos aluguéis. Por outro lado, em localidades com menor pressão do mercado, existe a possibilidade de renegociações para evitar inadimplência dos inquilinos.

Outro ponto relevante são os impactos nos contratos corporativos. Empresas que alugam espaços comerciais podem tentar repassar o aumento de custos para seus produtos ou serviços, criando um efeito cascata na economia. Como alternativa, é possível que busquem propriedades mais eficientes em termos de custo ou adotem modelos de escritórios compartilhados, como coworking, para reduzir despesas.

Tributário sobre Dividendos

A proposta de tributação sobre dividendos na reforma tributária pode levar investidores a reestruturar seus ativos imobiliários, impactando empresas do setor e fundos imobiliários. Investidores que utilizam pessoas jurídicas para gerir imóveis podem sofrer redução na rentabilidade líquida, especialmente quando os lucros são distribuídos integralmente como dividendos. Esse cenário pode incentivar a reavaliação do modelo atual, com alternativas como reinvestir lucros ou diversificar investimentos.

No caso dos fundos imobiliários, historicamente atrativos devido à isenção de imposto de renda sobre dividendos para pessoas físicas, a reforma tributária pode reduzir sua competitividade. Como resposta, o mercado pode adotar estratégias fiscais mais eficientes, como estruturas híbridas que combinem diferentes ativos imobiliários.

Adicionalmente, o aumento da tributação proposto pela reforma tributária pode intensificar a busca por investimentos voltados à valorização patrimonial, como imóveis localizados em áreas com alta demanda ou potencial de crescimento econômico.

Por fim, gestores de fundos imobiliários devem adaptar suas estratégias, priorizando rendimentos estáveis, diversificação ou benefícios extras, para mitigar os impactos da reforma tributária e manter o setor competitivo a longo prazo.

Mudanças no IRPF e IRPJ

A simplificação e possível aumento na carga tributária do Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF) e Pessoa Jurídica (IRPJ) afetam diretamente a lucratividade dos contratos de locação, especialmente em regiões de alta concorrência. Essa mudança impacta tanto os pequenos proprietários quanto as grandes empresas do setor imobiliário, exigindo ajustes estratégicos para manter a viabilidade econômica.

No contexto da locação de imóveis após a reforma tributária, os impactos e as perspectivas desenham um cenário de desafios e oportunidades. Por exemplo, para pessoas físicas que dependem da renda de aluguéis como principal fonte de sustento, a elevação de alíquotas no IRPF pode significar uma redução expressiva da renda líquida. Proprietários que possuem imóveis em locais de grande oferta, como regiões metropolitanas, podem encontrar maior dificuldade em repassar esses custos para os inquilinos, devido à concorrência acirrada. Isso pode resultar na necessidade de buscar alternativas, como renegociar contratos ou explorar outros mercados menos saturados.

No caso das pessoas jurídicas, a simplificação do IRPJ pode trazer um aumento na base de cálculo, elevando a carga tributária sobre os rendimentos obtidos com locações. Empresas que gerenciam grandes carteiras de imóveis podem ser forçadas a revisar suas projeções financeiras, ajustar preços ou investir em otimizações operacionais para compensar o impacto.

Além disso, mudanças no regime de tributação podem incentivar a formalização de contratos de locação, uma vez que a transparência fiscal será essencial para o planejamento tributário eficiente. Investidores institucionais e fundos imobiliários precisarão considerar essas alterações em suas estratégias, especialmente no que tange à distribuição de rendimentos aos cotistas. A busca por consultorias especializadas e o uso de ferramentas de gestão tributária podem ser diferenciais importantes nesse contexto.

Benefício de Crédito Presumido

A Lei Complementar nº 214/2025 prevê um crédito presumido de 3,65% para proprietários de imóveis locados até 31/12/2028, como medida compensatória para os impactos do IVA sobre a locação de imóveis. Para usufruir do benefício, os contratos de locação devem ser firmados até 16/01/2025, com firma reconhecida ou assinatura eletrônica, e registrados em cartório ou disponíveis para a Receita Federal até 31/12/2025. Caso contrário, o proprietário perde o direito ao crédito presumido, aumentando os custos tributários sobre os aluguéis.

Por exemplo, para um imóvel com aluguel de R$3.000, o crédito pode gerar uma economia de R$109,50 por mês, ou R$1.314 ao ano. Essa economia pode ajudar a manter a competitividade do imóvel, reduzindo ou evitando repasses aos inquilinos.

O benefício também incentiva a formalização no mercado de locação de imóveis, oferecendo segurança jurídica aos proprietários. Para garantir o crédito presumido, é fundamental estar atento aos prazos e requisitos legais, e consultar um especialista tributário pode evitar erros e maximizar os benefícios.

Impactos para Proprietários

Os proprietários que dependem da renda da locação de imóveis podem enfrentar desafios financeiros com a introdução do IVA-Dual, que pode reduzir a rentabilidade, especialmente em mercados competitivos. A locação de imóveis, após a reforma tributária, apresenta impactos que exigem estratégias adaptativas. Proprietários com imóveis em regiões metropolitanas, onde a concorrência é alta, podem ter dificuldades em ajustar os aluguéis sem perder inquilinos. Para imóveis de menor demanda, o impacto do IVA-Dual pode pressionar as margens de lucro.

Alguns proprietários podem tentar repassar os custos aumentando os aluguéis, mas isso pode resultar em maior vacância ou inadimplência, especialmente em mercados com inquilinos mais exigentes. Por exemplo, um imóvel comercial em área com grande oferta concorrente pode sofrer com a perda de inquilinos devido a um aumento no aluguel.

O crédito presumido, previsto pela Lei Complementar nº 214/2025, pode ajudar a mitigar esses impactos, mantendo a competitividade dos imóveis sem a necessidade de aumentos expressivos. Para um imóvel residencial com aluguel de R$2.500, o crédito pode evitar o repasse de custos ao inquilino.

Proprietários também podem explorar alternativas, como renegociar contratos de longo prazo para ajustes tributários ou diversificar a carteira com imóveis comerciais ou turísticos, mais resilientes a mudanças fiscais.

Impactos para Inquilinos

Os inquilinos podem ser afetados de maneira desigual pelas mudanças tributárias, dependendo de sua classe social e localização. Famílias de baixa renda, que já enfrentam dificuldades para arcar com aluguéis, podem sofrer mais com reajustes decorrentes da transferência dos custos do IVA-Dual para os valores mensais. Nesses casos, existe o risco de aumento na inadimplência ou até mesmo deslocamento para regiões menos valorizadas, agravando desigualdades sociais.

Por outro lado, inquilinos de classe média e alta podem ter maior capacidade de absorver esses reajustes, especialmente em mercados onde imóveis de qualidade são escassos. No entanto, mesmo nesse segmento, o aumento nos custos pode levar a uma maior negociação entre locadores e locatários, especialmente em contratos comerciais.

Para mitigar os impactos, iniciativas como incentivos governamentais ou políticas públicas voltadas para habitação acessível podem ser fundamentais. Além disso, proprietários podem considerar estratégias diferenciadas, como oferecer descontos temporários ou flexibilizar condições de pagamento, para evitar a perda de inquilinos e manter a ocupação dos imóveis. Nesse contexto, a locação de imóveis após a reforma tributária exige novas abordagens para enfrentar os desafios impostos pela mudança fiscal, principalmente no que se refere à capacidade de negociação entre as partes.

Perspectivas para Investidores

Fundos Imobiliários

Os fundos imobiliários (FIIs) têm sido uma alternativa popular para investidores que buscam uma fonte de rendimento passivo, principalmente por meio de dividendos. No entanto, um fator que pode impactar a atratividade desses fundos é a tributação sobre os dividendos distribuídos.

Isenção Atual e Possíveis Mudanças na Tributação

Atualmente, os dividendos de fundos imobiliários são isentos de impostos para pessoas físicas no Brasil. No entanto, com perspectivas de mudanças na legislação tributária, a tributação sobre esses rendimentos pode ser introduzida, o que poderia reduzir a rentabilidade líquida para os investidores. Por exemplo, se os dividendos passam a ser tributados com uma alíquota de 15%, os investidores terão um retorno menor em comparação com o cenário anterior, onde os dividendos eram isentos. Essa mudança pode diminuir a vantagem competitiva dos FIIs em relação a outras opções de investimento, especialmente em um cenário de aumento da carga tributária.

Reavaliação de Alocações por Investidores

Com a perspectiva de aumento na carga tributária, alguns investidores podem começar a reavaliar sua alocação em fundos imobiliários, buscando alternativas que ofereçam rendimentos mais atrativos após a tributação. Essas alternativas podem incluir investimentos em ativos no exterior, como fundos imobiliários internacionais ou ações de empresas de setores específicos que não sejam tão afetadas pela tributação. Além disso, outros setores da economia, como tecnologia ou commodities, podem ser mais vantajosos em termos de tributação ou potencial de crescimento.

Impacto no Mercado de Fundos Imobiliários

A busca por alternativas menos impactadas pela tributação pode aumentar, especialmente se os investidores perceberem que as opções no Brasil, como os FIIs, não têm mais o mesmo apelo em termos de rentabilidade líquida. Isso pode provocar uma migração de capital para ativos mais rentáveis e menos onerosos em termos fiscais, refletindo um impacto no mercado de fundos imobiliários, caso a tributação seja implementada de forma substancial.

Essa mudança de comportamento do investidor pode gerar um movimento de diversificação de carteiras, com mais foco em ativos que busquem minimizar os efeitos da tributação ou até mesmo em ativos internacionais, onde a carga tributária pode ser mais vantajosa, ou a isenção de impostos sobre dividendos possa ser mantida em determinados casos.

Necessidade de Adaptação dos Investidores

Em resumo, a introdução de tributação sobre os dividendos de fundos imobiliários pode resultar em uma perda de atratividade para esses ativos, levando investidores a explorar alternativas em outros mercados ou setores que ofereçam maior rentabilidade líquida. A adaptação dos investidores a essas mudanças pode ser gradual, mas terá impacto no comportamento de alocação de recursos no mercado brasileiro.

Oportunidades de Mercado em Meio a Reforma Tributária

Apesar dos desafios impostos por uma possível reforma tributária ou mudanças na legislação que afetam o setor imobiliário, a reforma tributária abre novas oportunidades no mercado imobiliário, com foco nas mudanças que impactam a locação de imóveis A busca por soluções de moradia acessíveis continua sendo uma prioridade para muitos, especialmente em um cenário onde o custo de vida tem aumentado e o poder de compra das famílias, especialmente das mais jovens, pode ser mais restrito. Isso cria uma demanda crescente por alternativas de habitação que combinem preço mais baixo e qualidade.

Imóveis Populares: A crescente necessidade por imóveis acessíveis pode impulsionar nichos do mercado imobiliário voltados para o segmento de imóveis populares. Esse nicho se torna particularmente relevante em grandes centros urbanos, onde a escassez de terrenos e o preço elevado dos imóveis dificultam o acesso à moradia para grande parte da população. Nesse cenário, a construção de empreendimentos com preços mais baixos, mas que ainda atendam aos requisitos de qualidade e infraestrutura básica, pode se tornar um ponto de atratividade para investidores que buscam não apenas rentabilidade, mas também uma contribuição social.

Além disso, o governo e as iniciativas privadas podem procurar mais parcerias para desenvolver projetos de moradia popular, incentivando a oferta de imóveis mais acessíveis, com subsídios ou financiamentos facilitados. Esses projetos podem envolver tanto habitação de interesse social quanto modelos de financiamento acessíveis para famílias de classes médias baixas. Empresas do setor imobiliário podem se posicionar nesse mercado, atendendo a uma demanda crescente enquanto também se beneficiam de incentivos fiscais ou benefícios oferecidos para a construção de empreendimentos acessíveis.

Modelos de Co-living: Outro modelo que ganha destaque com a crescente busca por moradia mais econômica é o conceito de co-living (coabitação). Esse modelo envolve a criação de espaços compartilhados, onde os inquilinos dividem áreas comuns, como salas, cozinhas e lavanderias, mas têm quartos privados. O co-living oferece uma solução acessível, principalmente para jovens profissionais, estudantes e pessoas que se mudam para grandes cidades em busca de trabalho ou oportunidades educacionais.

Além de ser uma alternativa mais econômica em termos de aluguel, o co-living também permite que os residentes compartilhem serviços, como internet, limpeza e segurança, o que pode reduzir ainda mais os custos de vida. Em muitas situações, o co-living não só oferece um alívio financeiro, mas também um ambiente de socialização e compartilhamento, criando comunidades que podem agregar valor às experiências de moradia.

Esse tipo de modelo também pode ser atraente para investidores, já que oferece uma maior flexibilidade em termos de aluguel por quartos individuais, em comparação com o aluguel de imóveis completos, permitindo uma rentabilidade maior por unidade de área. As empresas que operam no mercado imobiliário podem desenvolver projetos de co-living em locais estratégicos, próximos a universidades, centros financeiros ou polos tecnológicos, onde a demanda por habitação acessível e flexível é mais forte.

Transformação do Mercado Imobiliário: A reforma no setor imobiliário pode abrir espaço para novas formas de habitação que antes não eram tão exploradas no mercado, mas que agora se tornam mais relevantes diante das mudanças nas condições econômicas. O aumento da procura por soluções de moradia acessíveis pode levar a um maior interesse por novos modelos de negócios, como o co-living, além de impulsionar a inovação em projetos habitacionais, seja em termos de design, uso de tecnologia ou financiamento.

Além disso, a reforma também pode estimular o desenvolvimento de tecnologias e inovações em construção, como métodos de construção mais rápidos e baratos, uso de materiais alternativos ou novas tecnologias sustentáveis, que reduzam os custos de construção e tornem as moradias mais acessíveis para um número maior de pessoas.

Potencial para Parcerias Público-Privadas: Por fim, uma grande oportunidade que surge com a demanda por habitação acessível é a possibilidade de parcerias público-privadas (PPP). Essas parcerias podem acelerar o desenvolvimento de projetos de habitação popular e co-living, combinando recursos públicos e privados para aumentar a oferta de moradia de baixo custo, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento urbano sustentável e a geração de empregos.

Essas mudanças podem resultar em um mercado imobiliário mais diversificado e adaptado às novas necessidades sociais, impulsionando a inovação no setor, ao mesmo tempo em que cria oportunidades de crescimento para empresas focadas em soluções de moradia acessíveis.

Em resumo, enquanto a reforma ou alterações nas políticas do setor imobiliário podem trazer desafios, elas também oferecem oportunidades de desenvolvimento para nichos específicos, como imóveis populares e modelos de co-living, que atendem a uma crescente demanda por opções de moradia mais econômicas e flexíveis. Esse movimento pode transformar o mercado imobiliário, criando novas opções para investidores e moradores, além de impulsionar inovações que atendem a novas necessidades sociais e econômicas.

Dicas para Se Preparar

1. Planejamento Tributário:

O planejamento tributário é uma estratégia essencial para empresas e investidores se prepararem para mudanças nas leis fiscais, como uma reforma tributária. Consultar especialistas da área, como advogados tributaristas ou consultores fiscais, é fundamental para compreender as nuances da reforma e os impactos específicos no seu setor ou tipo de investimento.

A reforma tributária pode resultar em mudanças nas alíquotas de impostos sobre a renda, a propriedade e outros tributos, o que pode afetar diretamente a rentabilidade dos negócios, o custo de operação e os retornos dos investimentos. Para minimizar os custos adicionais, é fundamental entender a nova estrutura fiscal e considerar alternativas para a gestão tributária de maneira eficiente.

Formas de mitigar custos adicionais:
  • Escolha da Estrutura Empresarial: Dependendo da reforma, diferentes tipos de empresas podem ser mais ou menos impactadas. Avaliar se é mais vantajoso manter a estrutura atual (por exemplo, uma pessoa jurídica ou uma empresa de determinado porte) ou se há vantagens em reestruturar a companhia pode fazer uma diferença significativa.
  • Análise de Alíquotas e Dedução: Em alguns casos, pode ser possível planejar e ajustar as operações de forma que aproveitem alíquotas mais baixas ou deduções fiscais específicas. A avaliação cuidadosa das mudanças nas alíquotas de imposto sobre lucros e dividendos pode ser determinante para a saúde financeira de um negócio.
  • Ajuste nos Contratos Futuros: Para empresas ou investidores que têm contratos em andamento ou previsão de novos contratos, é importante avaliar como as novas alíquotas e a estrutura tributária impactarão os custos desses acordos. Contratos futuros podem precisar ser renegociados ou ajustados para refletir o aumento ou a diminuição da carga tributária, o que pode afetar a lucratividade do negócio.

O planejamento tributário eficaz pode, portanto, fazer a diferença entre absorver as mudanças de forma suave ou ser excessivamente impactado pelos novos custos. Investir tempo e recursos na consultoria e na reavaliação da estrutura fiscal é uma estratégia crucial.

2. Renegociação de Contratos:

A renegociação de contratos se torna uma estratégia fundamental em um cenário de reforma tributária, especialmente para proprietários de imóveis e inquilinos. O aumento de tributos pode afetar tanto os custos operacionais de um proprietário quanto a capacidade de pagamento de um inquilino, tornando essencial o ajuste das condições contratuais de acordo com as novas realidades fiscais.

Por que a renegociação é importante:
  • Impacto na Rentabilidade: Para os proprietários de imóveis, a reforma tributária pode resultar em custos maiores, como aumento de impostos sobre a propriedade ou de custos de manutenção que ficam mais elevados com o aumento da carga tributária. Isso pode reduzir a rentabilidade dos aluguéis ou aumentar os custos operacionais de uma empresa que aluga imóveis comerciais. Em consequência, há uma necessidade de revisar as condições de aluguel para manter a viabilidade financeira.
  • Capacidade de Pagamento do Inquilino: Para os inquilinos, especialmente os de empresas, a reforma tributária pode implicar em aumentos de custo devido à tributação sobre rendimentos. Isso pode reduzir sua capacidade de honrar contratos de aluguel ou de manter suas operações no imóvel atual. Assim, um contrato que inicialmente parecia vantajoso pode se tornar financeiramente inviável.
Como renegociar:
  • Ajustes nos Valores de Aluguel: Em um cenário de aumento de custos, como a tributação sobre dividendos e rendimentos, é possível que o valor do aluguel precise ser ajustado para compensar os novos custos impostos à parte proprietária. No entanto, esse ajuste deve ser negociado de forma justa, levando em consideração a capacidade de pagamento do inquilino.
  • Revisão de Cláusulas de Reajuste: Muitos contratos de aluguel já preveem cláusulas de reajuste de preços com base em índices de inflação ou outros indicadores econômicos. Contudo, a introdução de uma nova reforma tributária pode exigir um ajuste mais específico desses índices ou até a inclusão de novas cláusulas que considerem as mudanças fiscais.
  • Flexibilidade nos Prazos de Pagamento ou Vencimento: Inquilinos e proprietários também podem negociar novos prazos ou condições de pagamento, especialmente no curto prazo, para suavizar o impacto da reforma tributária.

Em qualquer caso, a comunicação clara entre as partes e a revisão cuidadosa dos termos contratuais serão essenciais para garantir que ambas as partes não sejam excessivamente prejudicadas pelas novas condições fiscais. A renegociação pode ser uma oportunidade para fortalecer a relação entre inquilinos e proprietários, criando um ambiente mais colaborativo e resiliente a mudanças.

3. Diversificação de Investimentos:

Diversificar os investimentos é uma das estratégias mais eficazes para proteger um portfólio contra os impactos de mudanças significativas no mercado, como uma reforma tributária. Em um cenário onde os fundos imobiliários ou o mercado imobiliário em geral podem ser afetados por uma maior carga tributária ou por alterações nas condições fiscais, a diversificação pode oferecer maior segurança e rentabilidade.

Por que a diversificação é importante:
  • Risco Setorial: A reforma tributária pode afetar diferentes setores de forma desigual. Se o setor imobiliário for mais impactado por novas taxas de impostos ou alterações nas regras de tributação de imóveis, os investidores que concentram sua carteira nesse setor podem ver uma redução nos retornos. Diversificar para setores que não sejam tão sensíveis à reforma tributária, como tecnologia, saúde ou até mesmo ativos no exterior, pode proteger o portfólio de riscos excessivos.
  • Diversificação Geográfica: Investir em mercados internacionais ou em ativos localizados em regiões que têm regimes tributários mais favoráveis ou que são menos vulneráveis às mudanças pode ser uma forma eficaz de mitigar riscos. Por exemplo, ao investir em fundos imobiliários no exterior ou em ações de empresas que operam em mercados internacionais, os investidores podem reduzir a exposição aos impactos da reforma tributária brasileira.
Formas de diversificar:
  • Investimentos em Setores Não Imobiliários: Explorar outros setores que podem ter maior potencial de crescimento ou menos suscetibilidade a mudanças tributárias, como as indústrias de tecnologia, saúde ou energia renovável, pode ser uma maneira de reduzir o risco. Esses setores muitas vezes possuem incentivos fiscais próprios ou podem ser menos impactados por impostos sobre a propriedade ou sobre dividendos.
  • Investimentos no Exterior: A diversificação internacional é uma estratégia comum para investidores que buscam se proteger de incertezas locais. Investir em mercados estrangeiros pode significar aproveitar uma tributação mais favorável, ou simplesmente uma exposição a uma economia diferente que não será afetada pelas reformas fiscais internas.

Além disso, a diversificação pode ser feita dentro do próprio setor imobiliário, investindo em diferentes tipos de imóveis (residenciais, comerciais, industriais) ou em diferentes regiões, buscando minimizar o risco de uma área específica ser excessivamente impactada por mudanças no mercado local.

Em resumo, a diversificação de investimentos ajuda a proteger o portfólio contra o impacto negativo da reforma tributária. Ao distribuir os recursos entre diferentes ativos e mercados, o investidor aumenta suas chances de manter a rentabilidade e reduzir os riscos associados a mudanças fiscais no Brasil.

Conclusão

A Reforma Tributária promete transformar o cenário da locação de imóveis no Brasil. Após sua implementação, os impactos e as perspectivas tornam-se fundamentais para compreender as mudanças. Com a unificação de tributos e a tributação sobre dividendos, proprietários e investidores enfrentam maior pressão nos custos operacionais e na rentabilidade. Por outro lado, surgem vantagens, como o crédito presumido e a possibilidade de investir em mercados emergentes, como imóveis populares e modelos de co-living.

Para os proprietários, o impacto será direto: aumento da carga tributária e a necessidade de reestruturar contratos e condições de pagamento para manter a lucratividade na locação de imóveis. Já os investidores terão que repensar suas estratégias, buscando alternativas como a diversificação de ativos e regiões, além de manter atenção constante às mudanças nas regras fiscais.

O planejamento tributário ganha protagonismo nesse cenário de locação de imóveis.

Escolhas como a adoção de estruturas empresariais mais eficientes, a renegociação de condições contratuais e a exploração de parcerias público-privadas podem se tornar essenciais para garantir a competitividade.

Embora desafiador, o novo contexto de locação de imóveis também abre caminhos para inovação e crescimento. Quem souber adaptar suas estratégias estará mais preparado para navegar pelas transformações do mercado e aproveitar as oportunidades de um setor em constante evolução.

Recomendados

É publicada lei que determina a exclusão do ICMS das bases de cálculo dos créditos de PIS e COFINS: nova judicialização à vista!

A lei nº 14.592/2023 altera as Leis nº 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (COFINS) para determinar a exclusão do ICMS das bases de cálculo dos créditos do PIS e da COFINS.

Saiba Mais

ICMS-Difal: Reconhecida a repercussão geral pelo STF acerca da possibilidade de cobrança deste tributo no ano de 2022

Por meio da apreciação do Tema 1266, o STF entendeu que é constitucional o debate acerca da exigibilidade do ICMS-Difal nas vendas a consumidor final em operações interestaduais.

Saiba Mais

STF confirma redução da alíquota de ICMS sobre energia elétrica e telecomunicações

No dia 19 de agosto de 2022, o ministro Edson Fachin votou pela inconstitucionalidade no aumento da alíquota de ICMS […]

Saiba Mais

Deixe um comentário

crossmenu linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram